Vacina francesa deve levar pelo menos três meses para ser vendida.
Governo ainda não definiu preço, nem se vai oferecê-la de graça no SUS.
A primeira vacina contra a dengue aprovada no Brasil deve levar pelo
menos três meses para começar a ser vendida. O governo federal ainda não
definiu o preço. Nem se a vacina francesa vai ser oferecida de graça
pelo SUS.
A vacina não vale para as outras doenças transmitidas pelo Aedes
aegypti, como o zika vírus e a febre chikungunya, mas a população
aguarda ansiosa. Só nesse ano o número de casos de dengue quase
triplicou no país.
A vacina, que foi aprovada pela Anvisa,
Agência Nacional de Vigilância Sanitária, é uma vacina de origem
francesa. E a própria Anvisa sabe que a eficácia dela é bem menor do que
as outras vacinas.
Mas como os números da dengue são muito altos, é mais um recurso de
emergência, para tentar evitar que o número de casos cresça ainda mais.
Uma vacina brasileira não vai ficar pronta antes de 2017.
Impressiona a quantidade de calçadas que viraram depósitos de lixo no
bairro da Brasilândia, Zona Norte de São Paulo. No local, o desleixo
parece regra. E tem consequências. O bairro é um dos que registram mais
casos de dengue na capital paulista. “De cama mesmo eu fiquei
aproximadamente uns 25 dias”, conta o autônomo Manuel da Costa.
“Primeiro é o morador que tem que cuidar da sua área, depois o poder
público também fazer a sua parte”, diz o líder comunitário Henrique
Deloste.
No ano passado, foram registrados 569 mil casos de dengue no país. E
465 pessoas morreram. Este ano os casos quase triplicaram: foram 1,587
milhão. E as mortes quase dobraram: 839.
Boa parte da população vem aguardando ansiosa por uma vacina contra a
dengue. Em São Paulo, o Instituto Butantã desenvolve uma que tem
previsão para estar disponível em 2017. Nessa última fase de testes, os
estudos envolverão 17 mil pessoas em todas as regiões do país.
No Rio de Janeiro,
o Instituto Oswaldo Cruz informou que foram alcançados resultados
bastante animadores na pesquisa para uma vacina contra a doença.
Já a Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, aprovou uma
vacina contra a dengue de uma empresa francesa.
O fabricante diz que tem capacidade para produzir 100 milhões de doses por ano. E que conseguiria enviar 30 milhões para o Brasil. A empresa acredita que a vacina deve chegar ao país em três meses. E é nesse tempo também que deve ser definido o valor de cada dose.
O fabricante diz que tem capacidade para produzir 100 milhões de doses por ano. E que conseguiria enviar 30 milhões para o Brasil. A empresa acredita que a vacina deve chegar ao país em três meses. E é nesse tempo também que deve ser definido o valor de cada dose.
O Ministério da Saúde
informou que a comercialização ainda depende da definição do preço da
vacina e que vai estudar se vai fornecer a vacina pelo SUS. A vacina
contra a dengue vai ser aplicada em três doses respeitando um intervalo
de seis meses entre uma dose e outra. A vacina só começa a fazer efeito
um mês depois que a pessoa tomou a primeira dose.
O fabricante diz que a vacina protege contra os quatro tipos de dengue e
que tem eficácia média de 66%. “A gente pode interpretar assim: se eu
tiver dez pessoas, eu previno praticamente sete casos em cada dez. Se eu
falar hospitalização, de cada dez que seriam hospitalizados, eu evito
oito. E casos graves, eu evito nove em cada dez”, diz a diretora médica
da Sanofi Pasteur, Lúcia Bricks.
“Está abaixo, em geral, de uma vacina de eficácia esperada que é de
80%. Mas dado que é uma epidemia importante, que não existia outras
opções terapêuticas, a Anvisa tomou a decisão de aprovar a vacina”,
afirma o presidente-interino da Anvisa, Ivo Bucaresky.
Mas não é para todo mundo. A vacina é indicada para pessoas de 9 a 45
anos que moram em áreas endêmicas. A Anvisa lembra que no momento ainda
não há dados suficientes para a comprovação da segurança de uso da
vacina em menores de 9 anos de idade e em maiores de 45.
Um infectologista diz que a vacina contém vírus da dengue atenuados, ou
seja, com baixo potencial de desenvolver a doença e por isso há grupos
de pessoas que não devem tomá-la.
“Paciente que fazem tratamento quimioterápicos, mulheres grávidas,
paciente que tenham, por exemplo, aids, com a imunidade muito
enfraquecida não podem fazer o uso dessa vacina. Mesmo o vírus fraco ele
pode desenvolver, sim, a doença”, informa o infectologista do Instituto
Emílio Ribas, Jean Gorinchteyn.
A vacina produzida na França não protege contra o zika vírus e a febre
chikungunya. Contra essas duas doenças ainda não tem nada. A
comercialização da vacina francesa vai depender da definição de preço,
tema que será analisado pela Câmara de Regulação do Mercado de
Medicamentos, um órgão interministerial responsável pela definição de
preços de remédios.

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